O uso irracional de antimicrobianos na sociedade por hábito da prescrição médica
O uso irracional de antimicrobianos na sociedade por hábito da prescrição médica
Os fármacos antimicrobianos são eficazes no tratamento de infecções, pois são seletivamente tóxicos, ou seja, tem a capacidade de lesar ou matar os microrganismos sem prejudicar as células do hospedeiro.
A escolha do antimicrobiano mais apropriado requer o conhecimento da identidade do microrganismo, da sua suscetibilidade para um fármaco em partícula, do local da infecção, dos fatores do pacientes. Entretanto, geralmente, é necessário cultivar o microrganismo para chegar a um diagnóstico conclusivo e determinar a suscetibilidade da bactéria aos antimicrobianos. (HOWLAND & MYCEK 2007, p. 341).
Segundo JÚNIOR & MENGUE (2005) afirmam que, em terapias envolvendo antimicrobianos, conhecimento como dose, frequência de administração e duração do tratamento são de fundamental importância. Quando o paciente não está ciente destas informações, ocorre um aumento significativo na incidência de tratamentos imperfeitos.
Terapia antimicrobianas incorretas podem ocasionar o surgimento de cepas bacterianas resistentes a um determinado fármaco. É fundamental, para a promoção do uso racional de antimicrobiano, tanto na atenção individual quanto na saúde pública, atentar para boas práticas de seleção e prescrição deste medicamentos. Têm sido descritos erros de prescrição de antimicrobiano que vão desde a indicação não apropriada para infecção, erros técnicos relacionados à duração do tratamento, dosagem, intervalo entre doses e via de administração incorreta (TAVARES et al.,2008).
A prescrição é, na maioria das vezes, feita pelo profissional médico. Ela é o resultado de uma série complexa de decisões que este profissional vai tomando durante a consulta, após entrar em contato com o paciente. A importância do prescritor reside no fato de ser ele o responsável pela indicação de um medicamento com base na interpretação que faz daquilo que o paciente lhe diz (PEPE & CASTRO, 2000).
Segundo COLOMBO et al. (2004 apud HARDON et al., 1992), existem vários aspectos que demonstram prescrição inadequada de medicamentos como por exemplo, emprego inapropriado de antibiótico, em situações em que não á necessidade, como resfriado e diarreias simples; utilização excessiva de fármaco injetáveis, ocasionada pela crença, tanto de profissionais de saúde quanto de pacientes, de que injeções são mais efetivas que comprimidos; uso de combinações de fármacos, nas quais muitas vezes são associados fármacos antagônicos ou de efeito similar, sendo que o grande exemplo são os antigripais, compostos, amiúde, por dois ou mais medicamentos; uso desnecessário de medicamentos de alto custo, causado pela preferência de nomes comerciais conhecidos, usualmente mais caros, em detrimento de medicamentos genéricos, usualmente mais acessíveis.
Na área hospitalar, estudos têm demonstrado o importante papel que o uso abusivo de antimicrobianos representa na existência de germes multirresistentes no ambiente hospitalar e nos altos custos de tratamento. Por isso, se dá a importância do controle de uso destes medicamentos em hospitais, através de restrições no formulário terapêutico, cuja justificativa por escrito para uso de agentes antimicrobianos de uso restrito constitui um método efetivo para melhorar o uso dessas drogas, forçando o médico a explicar ou justificar racionalmente sua conduta (SANTOS et al., 1999).
As deficiências no registro de informação na prescrição são responsáveis por grande parte dos erros de medicação. Nesse contexto, fica claro que não basta apenas o diagnóstico preciso e a seleção adequada do antimicrobiano se a prescrição não for rigorosamente elaborada e completa em todos os seus aspectos (ABRANTES et al.,2002).
Segundo FELÍCIO (2007 apud OMS, 1998), uma prescrição adequada ou tratamento bem escolhido deve conter o mínimo de medicamentos possível. Os medicamentos escolhido deve apresentar mínimos de riscos de efeitos colaterais e contra indicação, ação rápida, forma farmacêutica apropriada, posologia simples e devem ser usados por um curto espaço de tempo.
ABRAMOVICIUS (2007 apud AMERICAN SOCIETY OF HOSPITAL PHARMACISTS - ASHP, 1993), afirma que primeiramente a atualização do conhecimento pelos profissionais de assistência à saúde sobre medicamentos não acompanha a proliferação de novos produtos no mercado. Segundo, a terapia medicamentosa tornou-se mais intensa. Em terceiro, o sistema de uso de medicamentos tornou-se embaraçoso.
O farmacêutico, cujo trabalho é o de tornar o uso de medicamentos mais seguro e racional, depara-se com prescrições cada vez mais ilegíveis ou incompletas. SILVA (2009), concluiu após a realização de um levantamento dos erros de prescrições nas prescrições médica de pacientes internados, que os tipos de erros mais detectados com maior frequência, onde envolveram as equipes de saúde nas mais variadas situações foram, ausência de informações nas prescrições, como dose e via de administração.
Medicamentos prescritos mais de uma vez também foram detectados durante a análise farmacêutica. A caracterização do microrganismo é decisiva na seleção do fármaco apropriado. Uma avaliação rápida da natureza do patógeno algumas vezes pode ser feita com base na coloração de Gram, que é particularmente útil na identificação da presença e das características morfológicas dos microrganismos nos líquidos orgânicos que normalmente são estéreis (líquidos cerebrospinal, pleural, sinovial, peritoneal e urina).
Entretanto, geralmente é necessário cultivar o microrganismo para chegar a um diagnóstico conclusivo e determinar a suscetibilidade da bactéria aos antimicrobianos. Assim, é essencial obter uma amostra do microrganismo para cultura antes de iniciar o tratamento (HOWLAND & MYCEK 2007, p. 341.)
O principal uso de um microbiano é o de prevenir ou tratar uma infecção, diminuindo ou eliminando os organismos patogênicos e, se possível, preservando os germes da microbiota normal. Para que isso ocorra, é necessário conhecimento sobre os germes responsáveis pelo tipo de infecção a ser tratada sua epidemiologia local, as condições do paciente e, preferentemente, o resultado de culturas apropriadas ao caso. Além disso, a escolha racional dos antimicrobianos deve levar em conta a efetividade, a toxicidade e também os custos para os indivíduos e para as instituições de saúde (RAMOS et al., 2006, p. 1).
Define-se "uso racional de medicamentos" quando os pacientes recebem medicamento adequado às suas necessidades clínicas, nas doses correspondentes às suas necessidades individuais, durante um período de tempo adequado e ao menor custo possível para eles e para a comunidade (FELICIO, 2007 apud OMS, 1985).
A preocupação com os erros de medicação é cada vez maior, devido ao alto número de ocorrências e altas taxas de morbidade e mortalidade em pacientes hospitalizados, além do impacto econômico importante nas instituições de saúde. As não conformidades em prescrição constituem um índice expressivo entre os erros de medicação e, muitas vezes, estas ocorrências não são detectadas, resultando em deficiência na terapêutica (ABRANTES et al., 2002).
Percebe-se que os erros encontrados envolvem a equipe de saúde nas mais variadas situações. Alguns dos erros mais frequentes mostram ausência de informações na prescrição, como dose e via de administração. Isto revela um potencial risco para o paciente. O número de medicamentos prescritos, por receita, também é um indicador de prescrição e determina o grau de poli medicação a que a população está sujeita (TAVARES et al., 2008).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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TAVARES, Noemia U. L.; BERTOLDI, Andréa D. e MUCCILLO-BAISCH, Ana Luiza. Prescrição de antimicrobianos em unidades de saúde da família no Sul do Brasil. Cad. Saúde Pública [online]. 2008, vol.24, n.8, pp. 1791-1800. ISSN 0102-311X.
Autora: Margareth Oliveira Amâncio - artigo disponível no Portal da Educação https://www.portaleducacao.com.br/farmacia/artigos/14314/atencao-farmaceutica-e-a-seguranca-do-paciente-diabetico